Operação Cavalo de Tróia 5
Cláudia Procla, esposa de Pôncio Pilatos, este que lavou as mãos para a morte na cruz de Jesus Cristo, teve um sonho que a fez advertir Pilatos a soltar aquele que teria sido preso injustamente,ele era quem dizia ser.... Jesus não seria um desconhecido, pois teria a própria Claudia Procla comparecido secretamente as várias reuniões do Mestre. Segundo seu sonho...
"...E de repente me vi em um lugar desconhecido. Talvez nem fosse exatamente um ‘lugar’. Só aquele homem. Aquela horrível pira. Aquele terrível céu e as vozes... No sonho se ouviam de fato vozes. Vozes e gritos distantes. Um grande vozerio... Mas não sabia de quem eram nem por que clamavam. E precisei de um tempo para decifrar o que diziam...Então o vi. Eu estava mais abaixo, com um pergaminho e uma pena nas mãos... Era um homem alto. Muito alto. E estava de pé sobre um enorme monte de caveiras humanas... Mas aqueles crânios tinham olhos... E se moviam sem parar, olhando para todas as direções... Tive a sensação de que pediam socorro...
O homem vestia uma longa túnica branca e tinha as mãos atadas à frente. Tentei identifica-lo mas não foi possível. Sua cabeça estava inclinada sobre o peito e o longo cabelo tapava-lhe o rosto. Recordo que chorava. Mas serena e silenciosamente. Mas aquelas lágrimas...As lágrimas escorriam pela barba, mas, ao invés de cair, subiam... Não sei como explicar... Subiam. Voavam... Um pranto que voava. E as gotas, límpidas e transparentes, subiam como dardos até aquele terrível e ameaçador céu... Sim, um céu que me produzia estremecimentos. Vermelho e coalhado de estrelas pretas...
E a cada lágrima tornava branca uma estrela. E a estrela ardia e se consumia. E quando a última lágrima atingiu a última estrela ouviu-se um grande estrondo... E o vozerio cessou, emudeceu... E tudo foi silêncio. E as caveiras fecharam os olhos... E o grande firmamento vermelho começou a girar sobre si mesmo e se converteu em um enorme disco preto. E aquele gigantesco sol preto desabou sobre o homem, sobre o vozerio e sobre mim... E o pânico paralisou-me. E o pergaminho e o cálamo escaparam de entre meus dedos...
Então aquele homem ergueu a cabeça...Era o pregador!... Era o Rabi da Galiléia! E Ele, olhando para o grande disco, abriu os lábios e gritou algo. Mas só consegui distinguir uma palavra: “Ab-bã” (PAI) . . .
E o sol parou... E era tão grande que cobria o céu.
E as caveiras abriram de novo os olhos...Entendi então o que clamavam...Não és amigo de César!
E o Sol se tingiu de sangue...E aquele sangue, como uma onda, caiu sobre nós...tudo foi sangue...Quis gritar mas o medo me inibiu. E quando pensei que estava morta, despertei...suada...O coração me saltava no peito. E sentada na cama tentei compreender. Não pude. E com uma angústia e um medo como jamais havia sentido, caminhei sem rumo e sem saber o que fazer..."
Na mesma manhã de sexta-feira, quando a notícia da prisão de Jesus correu pela fortaleza Antônia, Cláudia Procla tentou confirmar a história e então passa a escrever uma nota para tentar interferir nos assuntos oficiais de Pôncio.
Todos sabemos que não teve o êxito esperado...talvez, o destino já estivesse traçado para este homem que após séculos ainda mexe com o mais íntimo de todos nós...e nos dá força para almejar dias melhores...
Fernando Salgado
02/06/2006
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